domingo, 25 de março de 2012

Gastronomia Orgânica: porque cada dia mais gente entra nessa onda


A diferença entre gastronomia orgânica e a convencional vai além do modo de cultivo dos alimentos. O sabor e o valor nutricional oferecido por eles não é semelhante. Esse, aliás, é um dos motivos pelos quais essa culinária atrai, a cada dia, novos seguidores. 

O que é a gastronomia orgânica?
É uma gastronomia com produtos sem agrotóxico, onde a adubagem é também orgânica, o solo é mineralizado antes... O mais importante é que ela é mais rica nutricionalmente e é toda cultivada em harmonia com o meio ambiente. Até a água da rega é supervisionada. Além disso, existe uma combinação de plantas cultivadas no mesmo solo, plantas que combinam e se ajudam. Não é igual à monocultura, que é tudo uma coisa só. O cultivo orgânico é feito por muitas pessoas, sem máquinas, dá mais trabalho. Por isso que o alimento é vendido mais caro e é mais difícil de encontrar. Hoje, em algumas feiras de rua já têm a parte orgânica. 
E, afinal, qual é a diferença entre gastronomia convencional e orgânica?
Há grande diferença no sabor. E, nutricionalmente, a orgânica é muito mais rica. Faça o teste: se você comer orgânicos por três meses, seu paladar será limpo e você vai perceber a diferença de sabor. Você vai perceber o gosto real do alimento, o quanto o tomate é doce, a alface, a manga... Estamos acostumados com agrotóxicos. Isso faz com que a gente perca até 40% do sabor. Estamos adormecidos, não temos mais paladar, somos cheios de conservantes. Por isso que estamos adoecendo cada vez mais.



A culinária orgânica é contra o preparo no micro-ondas?
Sim. Há pesquisas seríssimas realizadas na Espanha e na Suíça, que apontam que o micro-ondas aquece de dentro pra fora, ele age na molécula do alimento. Até hoje ninguém sabe o que acontece na comida e para onde vão os minerais e antioxidantes. Fora que o micro-ondas queima todos os nutrientes dos alimentos. Essas pesquisas mostram que as crianças estão perdendo a memória por causa do micro-ondas. Desde pequenas, têm seus leites aquecidos ali. Para quem não quer perder tempo, aconselho utilizar forno elétrico. Ele é tão rápido quanto!
Chef Leila D, organizadora e idealizadora do Festival de Gastronomia Orgânica de São Paulo 

E tudo bem comer carne?
Não. O mundo precisa parar de comer carne, não tem cabimento plantar toneladas de grãos para alimentar um animal, apenas para comermos o animal. Isso não é sustentável. A indústria da carne é um grande problema, os animais são confinados, cheios de hormônio para crescer, ter musculatura. Acredito que se você quiser comer carne, deve criar seu animal e abatê-lo, além de ser responsável pelo lixo que ele causa. Estão acabando com a Floresta Amazônica para criar gado. Isso não vai matar a fome do mundo, é apenas o poder econômico de alguns que manda.
Há diferença no público dessas duas culinárias?
O público de orgânico é mais consciente e preocupado, pois procura um alimento mais saudável.
É possível que um prato gourmet seja orgânico?
O prato gourmet é mais elaborado do que os tradicionais. Há combinações de ingredientes, mais harmonia, despertando os sentidos ao degustar. Isso é igual nas duas gastronomias. O que diferencia é o aproveitamento total do alimento. Uma beterraba, uma cenoura, um abacaxi... No preparo tradicional, não usamos tudo isso, porque têm muitos agrotóxicos. O produto orgânico precisa ser usado ao máximo, não se joga nada fora. Por exemplo, na alta gastronomia tradicional, as pessoas usam apenas a parte branca da cebolinha, a parte verde é jogada fora, isso é um desperdício. Com a cenoura ocorre a mesma coisa: quando se corta quadradinha, o resto dela não é aproveitado, até por causa da estética do prato na hora de montar. No gourmet orgânico, criamos outras coisas para aproveitar tudo do alimento.
Quais são os benefícios que a culinária orgânica traz para a nossa vida?
Mais saúde e sustentabilidade. Prevenção de doenças, como câncer, depressão, alergias e hipertensão. A alimentação é o que somos. Temos que pensar nisso antes de comer qualquer coisa.


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